Paulo Garcez

Paulo Garcez trocou o cargo de fotógrafo oficial da Presidência da República pelo de editor do Pasquim, jornal de oposição à ditadura militar.
E não se arrependeu, no Pasquim fotografou os maiores ícones da cultura brasileira nos anos 60 e 70, como Vinicius de Moraes, Drummond, Tom Jobim, Elis Regina, Leila Diniz, Nelson Rodrigues, Glauber Rocha, Jorge Amado, Oscar Niemeyer e muito outros.
Todos, sem exceção, fotografados na maior naturalidade, como se fossem (e eram) amigos íntimos do fotógrafo.

Em 2002, lançou o livro “Arte do Encontro”, pela editora Bem-Te-Vi, com 140 retratos em preto e branco dos “amigos”.
Millôr Fernandes, autor do prefácio, lembra que “os personagens que desfilam no livro, agora, para sempre, carinhosamente celebrizados, são todos, ou eram, as pessoas de seu dia-a-dia, ou do seu noite-a-noite”.
Certa vez, perguntaram a Garcez por que retratos? Ele, com seu apurado senso de humor respondeu: “Motocicleta, carro, sol nascendo, natureza-morta… Não! Meu negócio são as pessoas, os tais grãos de areia no universo.”

Chegou a viajar por 11 países como fotógrafo de Juscelino Kubitschek e ficar 13 dias preso durante a ditadura militar, apenas por ter seu nome no expediente do Pasquim.
Além do Paquim, Garcez colocou suas lentes a serviço do Diário Carioca, Jornal do Brasil e revista Vogue. Conhecido como “Príncipe de Gales de Ipanema”, conserva até hoje, aos 87 anos, o mesmo bigodão aristocrático de sempre.

Uma prova da intimidade de Garcez com seus “modelos”, é a foto “Barbeiro de Ipanema”, na qual Tom Jobim corta o cabelo de Vinicius de Moraes com supervisão de Edu Lobo.
O cronista Ruy Castro, autor das legendas do livro de Garcez, questionou: “Alguém duvida de que, se tivesse se dedicado a barbearia e não à música, Tom teria sido um gênio também nessa especialidade”.